"A Floresta Amazônica responde imediatamente ao clima regional mais seco, mas de maneira gradual e heterogênea”, explica a pesquisa (Jorge Aaújo/VEJA)
A Amazônia está se transformando em uma savana de maneira transitória e mais lenta do que o previsto por acadêmicos. É o que aponta o estudo “Ecosystem heterogeneity determines the ecological resilience of the Amazon to climate change” (“A heterogeneidade do ecossistema determina a resistência da Amazônia às mudanças climáticas”, na tradução livre), publicado na última edição da revista Proceedings of the National Academy of Sciences, da Academia Nacional de Ciências dos Estados Unidos.
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De acordo com a publicação, liderada por Naomi Levine, do departamento de Biologia da Universidade de Harvard, mesmo sendo extremamente importante no planeta, a sensibilidade do clima amazônico permanece incerta aos acadêmicos; enquanto alguns acreditam em uma repentina mudança, como o dieback (uma doença que causa a morte das partes periféricas das árvores, sendo uma das principais causadoras de mudanças climáticas), outros creem que o bioma da região não só permanecerá intacto, como poderá crescer.
A análise chefiada por Levine sugere outra possível direção nas pesquisas: “Especificamente, nossa análise sugere que, ao contrário das previsões existentes, tanto de estabilidade (do ecossistema) ou perda catastrófica de biomassa, a Floresta Amazônica responde imediatamente ao clima regional mais seco, mas de maneira gradual e heterogênea”, explica o texto.
Neste sentido, ecossistemas como os da Floresta Amazônica demonstraram ser mais sensíveis a mudanças climáticas do que se previa nos estudos mais tradicionais, mas ao avaliar a resposta individual das plantas da região a um entorno mais seco, a conclusão foi de que as transições de uma floresta úmida com alta concentração de biomassa para uma floresta seca, similar à savana, são contínuas, e não repentinas – mesmo em um ecossistema mais sensível. Deve-se lembrar, no entanto, que o desmatamento e outras ações humanas podem acelerar este processo.
Metodologia – Para chegar aos resultados do estudo, os pesquisadores analisaram dados referentes às plantas individualmente, confrontando a metodologia adotada por modelos que estimavam os efeitos do clima mais seco em todo o ecossistema. A pesquisa também levou em consideração as características da superfície, a dinâmica da vegetação e a hidrologia.
Segundo a pesquisa, a vulnerabilidade ou resistência da floresta tropical depende da duração das estações secas, do tipo de solo, mas também, de maneira relevante, das dinâmicas entre as plantas e árvores do ecossistema. Além disso, a heterogeneidade e biodiversidade da floresta amazônica a faz mais resistente do que consideravam alguns modelos à falta de água, o que permite uma resposta mais gradual aos períodos de seca.
Postado por Carlos PAIM